Corporealidades Pós-humanas
Rede Festival Simpósio
Corporealidades Pós-humanas - Rede Festival Simpósio propõe uma oportunidade singular para permear a reflexão transdisciplinar com a corporealidade e a corporealização na condição pós-humana1, integrando a emergência de novos campos de actividade, conhecimento, investigação, criação e educação em dança, performance, tecnologia e ciência. Compreendida como objecto de estudo transversal sobre o humano e a vida em geral neste tempo de trânsito acelerado, a corporealidade2, atravessa uma reconfiguração completa no desdobramento resultante do impacto das tecnologias digitais na nossa sociedade e existência como cidadãos. Actualizando ideologias, atitudes e práticas, agendas de sujeitos, grupos, nações e globais, que visões, argumentos e atitudes construtivas e inovadoras se propõem perante o beco sem saída das aporias da sedentarização Cartesiana pós-colonialista da Interacção Humano-Máquina?
Pretendemos reunir artistas, investigadores, cientistas e educadores, e todos os interessados em partilhar uma atenção particular às questões desafiantes da corporealidade perante a ubiquidade das tecnologias digitais. As abordagens transculturais e transdisciplinares serão inclusivas, integrantes da diversidade e complexidade do humano e da máquina, inteligência artificial, ou ambientes híbrido na era da globalização. Tal pesquisa urge de facto uma mudança de paradigma para reconfigurar concepções e práticas que dizem respeito ao corpo como soma e, com ele, todas as dimensões do humano e da existência num ambiente social-político-cultural-económico-tecnológico-educativo e natural.
Quer-se inquirir sobre a humanização da experiência da interface e da interactividade numa expansão experimental e criativa da percepção sensorial e de sentido estético ou objectivo, a corporealização subjectiva (somática) e inter-subjectiva, em projectos de colaboração artística-tecnológica-científica e educativa. Deste modo, as interfaces pessoa-tecnologia não se restringem às intrincacías humano-máquina na media(tiza)ção digital. As interfaces são sempre e, principalmente, as interacções, relações e conexões entre todos os elementos participantes envolvidos no processo de criação, produção, instanciação, recepção/experiência, e reflexão, que só deste modo se interligam e expandem verdadeiramente.
O foco é a matéria própria ao soma corpos-sujeitos, a sua organicidade e virtualidade, percepção somática, sensorial e simbólica, afecção, empatia, cinestesia, inteligências, embuídos em processos criativos tecnológicos adaptáveis e coesos com o ambiente natural e social-cultural, em vez de menosprezados pela diferenciação tendencialmente tecnológica da actividade artística e domínios do conhecimento.
Eis algumas das questões que gostaríamos de debater:
- Quais as noções de Pós-humano e de Corporealidade hoje?
- Que interesse nas corporealidades pós-humanas partilham individualidades de áreas artísticas e de conhecimento distintas ou em permeação? Que diálogo crítico e discursos interligados podem gerar? Como se implicam mutuamente?
- Que abordagens às problemáticas dos corpos-sujeitos, física, energética e psiquicamente limitados, substituídos por personagens sintéticas inteligentes?
- Como colaboram coreógrafos e engenheiros de interface no desenvolvimento de projectos interactivos orientados para a consciência e experiência sensorial somática e de empatia e conexão entre participantes e com o meio, numa participação activa dos membros da audiência?
- Quais os discursos/práticas desenvolvidos em torno da corporealidade (pós-humana), e qual o impacto e contribuição de uma interligação de domínios em torno desta matéria fulcral?
A tradição da intersecção disciplinar remonta aos primeiros investimentos de arte-ciência-tecnologia no fim do século XIX, com o desenvolvimento de dispositivos de expansão sensorial (visual, auditiva, numérica). Criados para a detecção e cura de patologias, esta ampliação de capacidades foi desde logo acompanhada pelo potencial estético-artístico “mágico” dos outputs obtidos, como o raio x e, particularmente, a imagem e a sua projecção criando imagens em movimento (moving pictures). Estas tecnologias entretanto distinguiram-se, originando as artes da fotografia e do cinema3, especializando-se e diferenciando-se progressivamente a exploração, experimentação e prática científica/médica, tecnológica, e artística. Na dança para além de casos pontuais, como Loie Fuller, e os movimentos modernistas Dada e Futurismo, a tradição dominante foi a maquinaria de palco, enfatizando a construção do ilusionismo cénico.
Apenas mais tarde, à volta de 1950-60, com o movimento social e artístico em Nova Yorque, a performance arte, nova dança/dança pós-moderna, ambientes e happenings, performance feminista, body art/vídeo arte, land art, contribuíram para uma reviravolta dos conceitos e práticas artísticas incluindo a experimentação de novos meios, a colaboração entre artistas e engenheiros, endereçando a democratização e acessibilidade das artes. Colectivos como a Judson Dance Theater, a partir do workshop de Robert Dunn, de Anna Halprin na Califórnia, o Grand Union, as Gorilla Girls, e muitos artistas independentes, assim como eventos como o Nine Evenings: Theater and Engineering contribuíram para esta abordagem. A influência preponderante da cultura oriental, nomeadamente o Budismo Zen e o I Ching, assim como propostas artísticas vindas do Japão com acções/performance e a dança Butoh, liderada por Tasumi Hijikata e Kazuo Ohno, um híbrido entre a dança expressionista alemã e o teatro tradicional Noh e Kabuki. Com performances de rua de teor politico e contra-cultura, reflectiam de forma surpreendente com questões importantes da humanidade, como a devastação atómica e a destruição ambiental. Apesar da sua importância e influência, incluindo a criação democratizada com aspectos tecnológicos, estes movimentos ou abordagens têm-se mantido alternativos.
Na vertente educativa-médica, já nos anos de 1930 Mabel Todd inicia uma abordagem somática que chama de anatomia experiencial designada posteriormente de Ideocinestesia/Ideokinesis, e de onde deriva a terapia pelo movimento e o trabalho de corpo/body work. Aproxima-se da experiência sensorial e perceptiva do próprio corpo ou soma, em particular voltada para a consciência cinestésica, anatomia experiencial, e análise de movimento. Deste movimento desenvolvem-se outros métodos e sistemas de prática terapêutica e criativa, principalmente nos Estados Unidos da América e Europa, em conjunto com um incremento das práticas anciãs como, Yoga, Tai Chi, e meditação. O que caracteriza estas prácticas é realmente a inclusão de abordagens médicas e cientificas ocidentais e orientais.
Por outro lado as ciências biomédicas associadas ao desenvolvimento tecnológico (biomedicina, neurociências, psico-fisiologia, computação afectiva, etc.) têm desenvolvido novas bases para compreender as conexões corpo-emoção-mente-espírito-ambiente. Neste sentido, seguimos a investigação já iniciada, entendendo a experiência da dança como favorecida por accionar determinados comportamentos psico-fisiológicos (neurónios espelho e outros) nos observadores, e fenómenos como a empatia cinestésica ou a produção de hormonas, como a oxitocina.
Com todo este legado artístico, cultural e científico de passagem pelo digital, particularmente com a Web 2.0 e em breve Web 3.0, opta-se por uma visão e prática (artística) ecléctica norteada pela transculturalidade e transdisciplinaridade presente na extrapolação/transdução de abordagens, métodos e práticas entre disciplinas artísticas, científicas e tecnológicas.
Os artistas e cientistas são investigadores da corporealidade, coexistindo na prática-teoria corporalizada e escrita. Eles entendem as múltiplas possibilidades de interfaces analógico-digitais, particularmente as técnicas biométricas de biofeedback e visualização, e não esquecem o seu papel vital em contribuir para gerar experiências e conhecimento corporealizado. Envolvidos em diálogos transdisciplinares e transculturais específicos, eles colaboram remota e fisicamente presentes, investidos em discursos, experiências criativas, actividades artísticas, científicas, tecnológicas e educativas híbridas mais inclusivas (somas - corpos, géneros, sexualidades, etnias, classes, culturas, ambientes, etc.), contribuindo para o agenciamento de modos corporealizados de comunicar e viver em equilíbrio harmónico com um ambiente pós-humanizado.
Com o desejo de estimular uma participação activa e multifacetada dos membros da audiência a iniciativa oferece actividades com um formato misto de rede festival simpósio, com apresentações keynote, performances e instalações/ambientes interactivos em permanência, sessões plenárias, mesas de debate dançantes, e workshops/seminários. Com todos os eventos ocorrendo num ou mais espaços físicos e virtuais, e transmitidos por vídeo-conferência, desafiamos os participantes a envolverem-se nas diferentes temáticas e formatos oferecidos.
Para informações adicionais aceder:
http://posthumancorporealities.org
http://posthumancorporealities.weebly.com/about.html
https://www.facebook.com/corporealidadespos-humanas
1 A noção de pós-humano que adoptamos não é a de transcendência do corpo, como inicialmente concebida por teóricos da cibernética, mas sim a reclamada por N. Katherine Hayles, no seu livro How We Became Posthumans: virtual bodies in cybernetics, literature, and informatics (Hayles, 1999) e continuada por novas gerações de investigadores artistas e académicos. Reclama inclusividade na mudança do paradigma humanista liberal, eurocêntrico, patriarcal e universalista, para o paradigma pós-humano, integrando a corporealização como aspecto fundamental na era pós-digital.
2 Foster, Susan L. (editor) Corporealities: dancing knowledge, culture and power, Routledge: London and New York, 1995
3 Cartwright, Lisa Screening the Body: tracing medicine’s visual culture, University of Minnesota Press: Minneapolis and London, 1995
Rede Festival Simpósio
Corporealidades Pós-humanas - Rede Festival Simpósio propõe uma oportunidade singular para permear a reflexão transdisciplinar com a corporealidade e a corporealização na condição pós-humana1, integrando a emergência de novos campos de actividade, conhecimento, investigação, criação e educação em dança, performance, tecnologia e ciência. Compreendida como objecto de estudo transversal sobre o humano e a vida em geral neste tempo de trânsito acelerado, a corporealidade2, atravessa uma reconfiguração completa no desdobramento resultante do impacto das tecnologias digitais na nossa sociedade e existência como cidadãos. Actualizando ideologias, atitudes e práticas, agendas de sujeitos, grupos, nações e globais, que visões, argumentos e atitudes construtivas e inovadoras se propõem perante o beco sem saída das aporias da sedentarização Cartesiana pós-colonialista da Interacção Humano-Máquina?
Pretendemos reunir artistas, investigadores, cientistas e educadores, e todos os interessados em partilhar uma atenção particular às questões desafiantes da corporealidade perante a ubiquidade das tecnologias digitais. As abordagens transculturais e transdisciplinares serão inclusivas, integrantes da diversidade e complexidade do humano e da máquina, inteligência artificial, ou ambientes híbrido na era da globalização. Tal pesquisa urge de facto uma mudança de paradigma para reconfigurar concepções e práticas que dizem respeito ao corpo como soma e, com ele, todas as dimensões do humano e da existência num ambiente social-político-cultural-económico-tecnológico-educativo e natural.
Quer-se inquirir sobre a humanização da experiência da interface e da interactividade numa expansão experimental e criativa da percepção sensorial e de sentido estético ou objectivo, a corporealização subjectiva (somática) e inter-subjectiva, em projectos de colaboração artística-tecnológica-científica e educativa. Deste modo, as interfaces pessoa-tecnologia não se restringem às intrincacías humano-máquina na media(tiza)ção digital. As interfaces são sempre e, principalmente, as interacções, relações e conexões entre todos os elementos participantes envolvidos no processo de criação, produção, instanciação, recepção/experiência, e reflexão, que só deste modo se interligam e expandem verdadeiramente.
O foco é a matéria própria ao soma corpos-sujeitos, a sua organicidade e virtualidade, percepção somática, sensorial e simbólica, afecção, empatia, cinestesia, inteligências, embuídos em processos criativos tecnológicos adaptáveis e coesos com o ambiente natural e social-cultural, em vez de menosprezados pela diferenciação tendencialmente tecnológica da actividade artística e domínios do conhecimento.
Eis algumas das questões que gostaríamos de debater:
- Quais as noções de Pós-humano e de Corporealidade hoje?
- Que interesse nas corporealidades pós-humanas partilham individualidades de áreas artísticas e de conhecimento distintas ou em permeação? Que diálogo crítico e discursos interligados podem gerar? Como se implicam mutuamente?
- Que abordagens às problemáticas dos corpos-sujeitos, física, energética e psiquicamente limitados, substituídos por personagens sintéticas inteligentes?
- Como colaboram coreógrafos e engenheiros de interface no desenvolvimento de projectos interactivos orientados para a consciência e experiência sensorial somática e de empatia e conexão entre participantes e com o meio, numa participação activa dos membros da audiência?
- Quais os discursos/práticas desenvolvidos em torno da corporealidade (pós-humana), e qual o impacto e contribuição de uma interligação de domínios em torno desta matéria fulcral?
A tradição da intersecção disciplinar remonta aos primeiros investimentos de arte-ciência-tecnologia no fim do século XIX, com o desenvolvimento de dispositivos de expansão sensorial (visual, auditiva, numérica). Criados para a detecção e cura de patologias, esta ampliação de capacidades foi desde logo acompanhada pelo potencial estético-artístico “mágico” dos outputs obtidos, como o raio x e, particularmente, a imagem e a sua projecção criando imagens em movimento (moving pictures). Estas tecnologias entretanto distinguiram-se, originando as artes da fotografia e do cinema3, especializando-se e diferenciando-se progressivamente a exploração, experimentação e prática científica/médica, tecnológica, e artística. Na dança para além de casos pontuais, como Loie Fuller, e os movimentos modernistas Dada e Futurismo, a tradição dominante foi a maquinaria de palco, enfatizando a construção do ilusionismo cénico.
Apenas mais tarde, à volta de 1950-60, com o movimento social e artístico em Nova Yorque, a performance arte, nova dança/dança pós-moderna, ambientes e happenings, performance feminista, body art/vídeo arte, land art, contribuíram para uma reviravolta dos conceitos e práticas artísticas incluindo a experimentação de novos meios, a colaboração entre artistas e engenheiros, endereçando a democratização e acessibilidade das artes. Colectivos como a Judson Dance Theater, a partir do workshop de Robert Dunn, de Anna Halprin na Califórnia, o Grand Union, as Gorilla Girls, e muitos artistas independentes, assim como eventos como o Nine Evenings: Theater and Engineering contribuíram para esta abordagem. A influência preponderante da cultura oriental, nomeadamente o Budismo Zen e o I Ching, assim como propostas artísticas vindas do Japão com acções/performance e a dança Butoh, liderada por Tasumi Hijikata e Kazuo Ohno, um híbrido entre a dança expressionista alemã e o teatro tradicional Noh e Kabuki. Com performances de rua de teor politico e contra-cultura, reflectiam de forma surpreendente com questões importantes da humanidade, como a devastação atómica e a destruição ambiental. Apesar da sua importância e influência, incluindo a criação democratizada com aspectos tecnológicos, estes movimentos ou abordagens têm-se mantido alternativos.
Na vertente educativa-médica, já nos anos de 1930 Mabel Todd inicia uma abordagem somática que chama de anatomia experiencial designada posteriormente de Ideocinestesia/Ideokinesis, e de onde deriva a terapia pelo movimento e o trabalho de corpo/body work. Aproxima-se da experiência sensorial e perceptiva do próprio corpo ou soma, em particular voltada para a consciência cinestésica, anatomia experiencial, e análise de movimento. Deste movimento desenvolvem-se outros métodos e sistemas de prática terapêutica e criativa, principalmente nos Estados Unidos da América e Europa, em conjunto com um incremento das práticas anciãs como, Yoga, Tai Chi, e meditação. O que caracteriza estas prácticas é realmente a inclusão de abordagens médicas e cientificas ocidentais e orientais.
Por outro lado as ciências biomédicas associadas ao desenvolvimento tecnológico (biomedicina, neurociências, psico-fisiologia, computação afectiva, etc.) têm desenvolvido novas bases para compreender as conexões corpo-emoção-mente-espírito-ambiente. Neste sentido, seguimos a investigação já iniciada, entendendo a experiência da dança como favorecida por accionar determinados comportamentos psico-fisiológicos (neurónios espelho e outros) nos observadores, e fenómenos como a empatia cinestésica ou a produção de hormonas, como a oxitocina.
Com todo este legado artístico, cultural e científico de passagem pelo digital, particularmente com a Web 2.0 e em breve Web 3.0, opta-se por uma visão e prática (artística) ecléctica norteada pela transculturalidade e transdisciplinaridade presente na extrapolação/transdução de abordagens, métodos e práticas entre disciplinas artísticas, científicas e tecnológicas.
Os artistas e cientistas são investigadores da corporealidade, coexistindo na prática-teoria corporalizada e escrita. Eles entendem as múltiplas possibilidades de interfaces analógico-digitais, particularmente as técnicas biométricas de biofeedback e visualização, e não esquecem o seu papel vital em contribuir para gerar experiências e conhecimento corporealizado. Envolvidos em diálogos transdisciplinares e transculturais específicos, eles colaboram remota e fisicamente presentes, investidos em discursos, experiências criativas, actividades artísticas, científicas, tecnológicas e educativas híbridas mais inclusivas (somas - corpos, géneros, sexualidades, etnias, classes, culturas, ambientes, etc.), contribuindo para o agenciamento de modos corporealizados de comunicar e viver em equilíbrio harmónico com um ambiente pós-humanizado.
Com o desejo de estimular uma participação activa e multifacetada dos membros da audiência a iniciativa oferece actividades com um formato misto de rede festival simpósio, com apresentações keynote, performances e instalações/ambientes interactivos em permanência, sessões plenárias, mesas de debate dançantes, e workshops/seminários. Com todos os eventos ocorrendo num ou mais espaços físicos e virtuais, e transmitidos por vídeo-conferência, desafiamos os participantes a envolverem-se nas diferentes temáticas e formatos oferecidos.
Para informações adicionais aceder:
http://posthumancorporealities.org
http://posthumancorporealities.weebly.com/about.html
https://www.facebook.com/corporealidadespos-humanas
1 A noção de pós-humano que adoptamos não é a de transcendência do corpo, como inicialmente concebida por teóricos da cibernética, mas sim a reclamada por N. Katherine Hayles, no seu livro How We Became Posthumans: virtual bodies in cybernetics, literature, and informatics (Hayles, 1999) e continuada por novas gerações de investigadores artistas e académicos. Reclama inclusividade na mudança do paradigma humanista liberal, eurocêntrico, patriarcal e universalista, para o paradigma pós-humano, integrando a corporealização como aspecto fundamental na era pós-digital.
2 Foster, Susan L. (editor) Corporealities: dancing knowledge, culture and power, Routledge: London and New York, 1995
3 Cartwright, Lisa Screening the Body: tracing medicine’s visual culture, University of Minnesota Press: Minneapolis and London, 1995