Passados dois anos após o início das Corporealidades Pós-humanas, com as Danças Somáticas e Tecnológicas - Ciclo de workshops e performances em Março de 2014, aquando da criação do Pólo CIAC/UAb, e da edição #0 da Rede Festival Simpósio, em Novembro de 2014, durante o mês de Março presente o INVITRO Lab (ArTech, CIAC, UAberta) acolhe de novo o programa Danças Somáticas e Tecnológicas #2. Um projecto de criação, produção e formação em Dança que propõe uma oportunidade singular para permear a reflexão transdisciplinar em torno da corporealidade e da corporealização na era da condição pós-humana.
Entendida como objecto de estudo transversal sobre a experiência humana numa época marcada por uma transição acelerada, a corporealidade, atravessa uma reconfiguração de design no qual se desdobra, resultante do impacto das tecnologias digitais imersas na sociedade e vida comum dos cidadãos. Em suma, a corporealidade abrange a emergência de novos campos de actividade, conhecimento, investigação, criação e educação em dança, tecnologia e ciência, incluindo em geral as artes performativas.
O projecto tem por finalidade reunir artistas, investigadores, cientistas, formadores e mais interessados em partilhar uma maior atenção em torno as questões desafiantes da corporealidade face à ubiquidade das tecnologias digitais.
Visa-se integrar a formação e criação num contexto colaborativo de pesquisa, experimentação, e integração da comunidade e do publico, estruturando-se o programa num plano de actividades concatenadas de criação, formação e divulgação. A actividade a desenvolver em workshops, residências colaborativas, performances e debates parte das várias abordagens somáticas e tecnológicas à dança empreendidas pelos coreógrafos participantes.
Estas abordagens constituem-se de prácticas artísticas e educativas transculturais e transdisciplinares em torno do corpo sentido e do seu potencial expressivo e comunicativo, principalmente, através da empatia cinestésica.
Aplicam-se ao aprofundamento da experiência e reflexão envolvendo a experimentação dos sentidos e percepções internas, interioceptivos e proprioceptivos, tais como o sentido do equilíbrio, percepção de aceleração, e cobretudo, a cinestesia, pela sua relação de interdependência priveligiada com estas e as percepções exterioceptivas (visão, audição, tacto, olfato, paladar), sentidos e percepções tipicamente não reconhecidos nem valorizados pelo seu carácter subjectivo e de difícil quantificação/medição científica.
As abordagens e prácticas referidas alicerçam-se em tradições ancestrais, onde se destacam as prácticas, sistemas, métodos, escolas, e princípios orientais de movimento, como o Yoga, o Chi Kung, o Tai Chi e outras mais recentes, resultando de cruzamentos com a ciência ocidental, e ainda, com protagonistas da nova dança/dança pós-moderna americana, europeia e da dança Butoh japonesa.
Decorrendo de um movimento próprio, como tal situa-se em oposição às abordagens e aplicações tecnológicas e tendências artísticas dominantes. As abordagens somáticas-tecnológicas são actualmente uma alternativa contra-cultural, por isso mesmo, uma tendência crucial incontornável. Neste sentido, as únicas que permitem à experiência humana, retomar, manter e evoluir o equilíbrio com outros seres vivos e a componente ambiental.
A grave situação resultante de desiquilibrios na relação entre humano/natureza, comporta um elevado risco para a nossa existência trespassada pela experiência física como corpos no mundo. Esta surprendente iniciativa constitui uma oportunidade para se avançar com uma resposta alternativa de permeação entre humanos, ambientes e tecnologias . Eis, aqui, um novo paradigma a que chamamos Corporealidades Pós-humanas.
+ informações e inscrição /+ info and registration: http://invitrolab.eu/programa-dancas-somaticas-e-tecnologicas-2/
Canal de video live stream para todas as sessões: http://live.fccn.pt/uab/uab/